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Tese defende práticas inclusivas que valorizem protagonismo

Estudo usou como instrumento a produção de filme, mas sugere outras possibilidades de expressão cultural para aprendizagem


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Foto: João Paulo Barbosa Tese defende práticas inclusivas que valorizem protagonismo
O estudo utilizou a produção de um filme como instrumento de aprendizagem

A produção de tese de doutorado em Educação, desenvolvida com embasamento na filosofia da diferença, defende práticas inclusivas que valorizem o aprendizado pelo protagonismo. O estudo científico utilizou como instrumento a produção de filme.

Formada em geografia e iniciando atuação como professora em escola de gestão compartilhada na rede pública municipal de Presidente Prudente, Jucimara Pagnozi Voltareli enxerga outras possibilidades de expressões culturais e artísticas para este fim.

A sua orientadora no doutorado, professora doutora Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos, explica que a tese demonstra ser algo que pode ser feito com todos os estudantes, não apenas aqueles da educação especial.

O que se exige para tanto é que os processos de ensino e de aprendizagem sejam trabalhados numa perspectiva inclusiva, dinâmica e que considere as singularidades e multiplicidades humanas.

A tese defende ser possível um trabalho pedagógico inclusivo por meio da produção cinematográfica, favorável ao protagonismo, autonomia e manifestação cultural, artística e intelectual de crianças e adolescentes em suas diferentes singularidades.

A orientadora conta que a tese de doutoramento, defendida publicamente na terça-feira (23) desta semana, vem de um movimento iniciado no mestrado em Educação, também com a sua orientação.

Pesquisas com bolsas da Capes 

As duas pesquisas – mestrado e doutorado – foram desenvolvidas com bolsas do Programa de Suporte à Pós-graduação de Instituições de Ensino Particulares (Prosup), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.

No mestrado, Jucimara estudou a viabilidade da Lei 13.006/2014, que estabeleceu, entre outras coisas, a obrigatoriedade de que as escolas de educação básica exibam produções cinematográficas brasileiras, garantindo aos estudantes acesso a essas obras. 

A proposta é que essas exibições sejam acompanhadas de atividades pedagógicas voltadas para a aprendizagem, especialmente no campo da arte. Naquele momento, foi feita análise da lei em articulação com a filosofia da diferença.

Estudo fundamentado, mais especificamente, no filósofo francês pós-estruturalista Gilles Deleuze (1925-1995) que inaugurou esse campo da filosofia e trabalhou, entre outros temas, a questão das diferenças humanas e o papel da arte nessas discussões.

Atualmente, muitos estudos em educação inclusiva se apoiam na filosofia da diferença, com referências em Deleuze, Félix Guattari (1930-1992), Jacques Derrida (1930-2024) e Jacques Rancière; todos franceses.

“Assim, na dissertação de mestrado, ficou como perspectiva o trabalho com cinema: produzir a partir da ótica de uma pessoa com deficiência, vinculando a experiência às diferenças humanas e à educação especial”, explica a Dra. Danielle.

Ponto de partida da pesquisa 

Inicialmente, a Jucimara pensou em desenvolver a tese com base na produção autoral de uma pessoa surda adulta. Porém, por diversos fatores, isso não foi possível. Nesse contexto, surgiu a professora doutora Paula Amorin Santos, das redes estadual e municipal.

Mãe do Germano, uma criança com autismo, e integrante do grupo de pesquisa “Políticas e Práticas de Educação Inclusiva”, Paula sugeriu a Jucimara estudar as singularidades a partir de uma criança autista.

Feita a coleta de dados, foi produzido um curta-metragem experimental, tendo Germano – filho de Paula – como protagonista. “Embora o nome dele não conste na versão inicial da tese, a intenção é incluí-lo na versão final”, comenta da orientadora. 

A proposta consistiu em estabelecer um diálogo com o Germano, criança com o Transtorno de Espectro Autista (TEA), para que ele próprio produzisse vídeos a partir de sua perspectiva. O resultado foi o curta-metragem com mais de 11 minutos.

Foto: Homéro Ferreira A orientadora Dra. Danielle e Jucimara Pagnozi Voltareli: aprovada para receber o título de Doutora em Educação
A orientadora Dra. Danielle e Jucimara Pagnozi Voltareli: aprovada para receber o título de Doutora em Educação

Jucimara, na condição de pesquisadora, analisou essa produção à luz da filosofia da diferença, elaborando narrativas que evidenciam as singularidades presentes na produção do Germano. 

Um dos principais objetivos da tese foi questionar os limites que, muitas vezes, se impõem às pessoas com deficiência. A partir dessa experiência, ficou claro que o Germano conseguiu ir muito além do que se esperava.

Programa e avaliação 

A pesquisa e a produção da tese foram desenvolvidas junto ao Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), pelo qual a Unoeste oferta mestrado, doutorado e pós-doutorado. A avaliação da defesa de rede foi híbrida: presencial e on-line.

Atuaram na condição de avaliadores internos: Dr. Ademir Henrique Manfré (também coorientador), Dr. Cristiano Amaral Garboggini Di Giorgi e Dra. Elisa Tomoe Moriya Schlüzen, coordenadora do PPGE e que, no momento, estava na Europa.

Componentes da banca examinadora como membros externos foram o Dr. Denner Dias Barros, da Faculdade de Educação da USP; e Dr. Raphael Guazzelli Valério, da Universidade Federal de Pernambuco.

A tese intitulada “Deveris da diferença: pensar o cinema para educação” (o verbo devir significa que tudo está em processo de se tornar algo diferente, nunca estático) suscitou amplo e rico debate da banca também composta pela orientadora Dra. Danielle. 

Foram feitos apontamentos e elogios, culminando com o imediato anúncio da aprovação, sem a necessidade de discussão a porta fechada, para que Jucimara receba o título de Doutora em Educação.

“Isso me trouxe grande satisfação. Não esperava, porque normalmente há um protocolo a seguir. Mas, achei muito interessante. Gostei bastante, pois a tese foi uma busca pessoal, um sonho antigo; e terminar com chave-de-ouro é muito gratificante”, afirma.

Inspiração para professores 

Conforme Jucimara, a ideia é que o documentário possa inspirar outros professores. “A proposta é que a criação seja entendida como um processo pedagógico que o professor pode desenvolver em sala de aula”, explica. 

“Assim, o cinema pode ser utilizado como ferramenta de criação junto com os alunos, valorizando e potencializando tanto as pessoas com deficiência quanto aquelas sem deficiência”, pontua.

Jucimara começou, recentemente, a atuar como professora na Escola Municipal Professora Eliane Taiotto, localizada no bairro Residencial Cremenozi, mantida em gestão compartilhada.

Escola da rede pública, vinculada à Secretaria Municipal da Educação (Seduc) de Presidente Prudente e que tem a gestão da Associação Assistencial Adolpho Bezerra de Menezes.

A ideia para a tese surgiu no Grupo de Estudos sobre Políticas e Práticas de Educação Inclusiva, mantido na Unoeste e associado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do qual Jucimara continua fazendo parte.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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