Unoeste participa de congresso latino de sustentabilidade
Pesquisa da Arquitetura que analisou o desempenho térmico de ambientes gerado por Eco Cooler em Prudente foi apresentada no 2º Congresso Latino-americano de Desenvolvimento Sustentável
Termina nesta sexta-feira (28), de forma online, pela plataforma do Youtube, o 2º Congresso Latino-americano de Desenvolvimento Sustentável do qual a Unoeste está sendo representada por professores e alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo desde a última terça-feira (25). Realizada pela Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista (ANAP) e Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, campus de Botucatu, essa edição traz como tema central o título “Transformando o nosso mundo: a agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Pela Unoeste, participam as arquitetas recém-formadas Aparecida Helena Krasucki Lopes de Oliveira e Thais Helena Salvador. Com orientação dos professores mestres Bruna Bessa Rocha e Bruno César de Castro Cardoso, elas apresentaram a pesquisa que analisou o desempenho térmico de ambientes gerado por um Eco Cooler.
O congresso, que além de estudantes reúne pesquisadores e professores de diversos países da América Latina, tem como objetivo realizar uma discussão teoria e prática sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E a pesquisa desenvolvida na Unoeste e apresentada no evento tem tudo a ver com a sétima ODS, que por meio de energia limpa e acessível visa assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos e todas.
Para a realização do trabalho, que ganhou uma publicação na revista da ANAP, quatro parceiros foram fundamentais: a própria Unoeste, que cedeu mão de obra e local para a realização do experimento; a Funada, que doou garrafas pet inutilizadas para construção dos dispositivos; a Tecsus S.A., que doou medidores de temperaturas em tempo real; e a Panorama pré-moldados que doou material de construção.
Para a pesquisa, foram construídas placas de um Eco Cooler (que aqui pode ser entendido como um ar-condicionado ecológico, que não utiliza energia elétrica), a fim de testar a eficácia em seu desempenho térmico, como meio de resfriamento em construções temporárias e emergentes em Presidente Prudente. Cidade de verão quente e chuvoso, e inverno quente e seco, que atinge temperaturas médias acima de 20 graus e amplitude térmica anual de até 7 graus.
Experimento na prática
Para embasar a pesquisa, um experimento foi realizado em março deste ano e teve como objetivo testar a eficiência do Eco Cooler em diminuir a temperatura em ambientes internos. Para isso, foram construídas duas casas modelo de mesmo tamanho, cada uma com uma porta e duas janelas, para que os testes fossem executados. De acordo com a professora Bruna, o protótipo foi construído em campo, em local aberto e descoberto, no campus 2 da Unoeste, em frente ao Laboratório de Engenharia. “A ideia era simular uma casa semelhante a essas construídas em conjuntos habitacionais, a exemplo do Conjunto Habitacional João Domingos Neto, que é um dos mais populosos de Prudente e que trouxemos como exemplo na pesquisa. Até porque não podíamos instalar o equipamento em uma casa real. Então essa é uma proposta para projetos de habitações, oferecer uma possibilidade de conforto térmico para quem não tem condições de refrigerar ambientes de forma artificial”, explicou.
Para a realização dos testes, na primeira casa não foi instalado nenhum Eco Cooler. Já na segunda, foram instalados dois equipamentos. Os dados de temperatura durante as quatro semanas foram possíveis de serem coletados porque a empresa Tecsus S.A. forneceu dois equipamentos de telemetria com quatro sensores de temperatura cada, sendo que as leituras de temperatura ocorriam a cada 15 minutos. O sensor de temperatura utilizado na pesquisa era do tipo termômetro elétrico de resistência (resistor de platina, termistor), que é baseado em geração de força eletromotriz (termopares).
Na dinâmica, as pesquisadoras instalaram sensores de temperatura em quatro posições: um sensor foi colocado dentro da casa modelo no centro da casa; o segundo sensor foi instalado na janela com face para o nordeste; o terceiro sensor foi instalado na outra janela com face para o sudoeste; e, por fim, foi instalado um sensor de temperatura na parede externa da casa. A partir daí, o experimento foi dividido em quatro etapas principais.
Na primeira etapa, sem o equipamento Eco Cooler para comparação de temperatura das duas casas. Na segunda etapa, o Eco Cooler foi instalado apenas em uma janela da casa 1, enquanto a outra casa permaneceu sem o equipamento. Na terceira etapa, um Eco Cooler foi instalado somente na casa 2. E na quarta etapa, o Eco Cooler foi instalado nas duas janelas da casa 2, enquanto a casa 1 continuou sem equipamento. Dentre essas etapas, os sensores de temperatura iam sendo ajustados conforme as necessidades do experimento para garantir uma medição precisa das diferenças de temperatura entre as duas casas.
Resultados
Os testes foram realizados durante quatro semanas consecutivas em março de 2023. Na primeira semana, nenhuma das casas possuía o Eco Cooler instalado e foi registrada uma grande variação na temperatura em função das condições climáticas, que incluíram chuvas e sol intenso. Na segunda semana, o Eco Cooler foi instalado apenas na casa 1 e verificou-se uma diferença de dois graus na temperatura em relação à casa sem o dispositivo. Na terceira semana, o Eco Cooler foi instalado na casa 2 e a diferença na temperatura em relação à primeira semana foi ainda mais significativa. Entretanto, durante essa semana, foi identificado que um dos sensores de temperatura da casa sem o Eco Cooler estava exposto diretamente ao sol, o que pode ter influenciado na medição da temperatura.
Na quarta semana, com o Eco Coller instalado nas duas janelas da casa 2 e todos os sensores foram reposicionados acima das aberturas para que não houvesse incidência de sol direta nos sensores. Nessa semana, os resultados foram ainda maiores, mantendo-se uma diferença em torno de 2 graus na temperatura em relação à casa sem o dispositivo no período da tarde, um dos períodos mais quentes do dia.
O professor Bruno ressalta que estudos complementares ainda devem ser realizados para avaliar a eficácia do dispositivo em diferentes condições climáticas e ambientais. “Mas em resumo, o experimento demonstrou ser o Eco Cooler uma alternativa viável para reduzir a temperatura em ambientes internos, especialmente em locais com clima quente e seco como a região de Prudente. Além de proporcionar maior conforto térmico com menos consumo de energia, a construção do equipamento pode ser uma forma de incentivar a reciclagem de materiais contribuindo para o meio ambiente”, completou.
Participação no congresso
Além do aprendizado todo adquirido, para as arquitetas que conduziram a pesquisa, o fato do trabalho ter sido apresentado num congresso dessa magnitude dá visibilidade ao trabalho e pode servir de contribuição na agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. “Mais que divulgar nosso trabalho além dos limites regionais, é a satisfação de contribuir para um mundo melhor. Fazer parte, ainda que pequena, da transformação necessária para salvarmos nosso planeta”, enfatiza a arquiteta Aparecida.
A colega dela, a também arquiteta Thais, ficou feliz em saber que o projeto está sendo evidenciado no evento da ANAP. “É uma realização poder participar do congresso, dessa forma podemos apresentar e discutir sobre a pesquisa e assim desenvolver ainda mais nossos conhecimentos e avançar com a ciência”, encerra.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste