Sarau em Libras tem teatro, música, poesia e bate-papo
Evento teve a participação especial do goiano Gabriel Isaac, surdo que é sucesso do YouTube e nas redes sociais
Você já parou para refletir como seria a sua vida sem ouvir e se a sua única forma de comunicação fosse pelas mãos? Você já se colocou no lugar de quem vive essa realidade? Isso se chama empatia! Aprender Libras não é apenas para surdos; no mundo ideal, todos deveriam saber a língua brasileira de sinais, afinal, já são 9,7 milhões de brasileiros surdos ou com deficiência auditiva, segundo o IBGE.
Na noite dessa segunda-feira (27), o Teatro César Cava foi palco de apresentações de teatro, música, dança, poesia e bate-papo, tudo interpretado pela língua brasileira de sinais. O 7º Sarau em Libras, realizado pela Faculdade de Artes, Ciências, Letras e Educação (Faclepp) da Unoeste, reuniu surdos e ouvintes para uma noite recheada de manifestações artísticas. Teve também a participação especial de Gabriel Isaac, sucesso no YouTube e nas redes sociais voltadas à comunidade surda. Ficou ainda mais conhecido por conta de interpretações dos hits de sucesso, inclusive no trio elétrico da cantora Anitta, no carnaval.
O sarau contou com 23 atrações e a participação de alunos dos cursos de Pedagogia, Odontologia, Medicina, Técnico em Enfermagem, Enfermagem, Educação Física, História e Fonoaudiologia. Também se apresentaram crianças e adolescentes do Grupo de Escoteiro Guayporé e da Associação de Surdos e Surdas de Presidente Prudente e região (ASSPP), parceira do sarau.
A docente de Libras da Unoeste e coordenadora do evento, Valéria Isaura de Souza, destaca que poucos lugares do Brasil oferecem acesso à cultura para a comunidade surda. Na capital paulista, por exemplo, existe intérpretes em cinemas, teatros e shows. “O sarau é praticamente o único momento cultural das pessoas surdas, e é um diferencial nosso em poder proporcionar este evento. É muito trabalhoso, são meses de organização, mas vale muito a pena!”, ressalta, acrescentando que neste ano todas as apresentações tiveram a participação de um surdo.
Durante bate-papo com o convidado especial Gabriel Isaac, que veio de Goiânia para o evento, ele respondeu algumas perguntas sobre a sua trajetória. Disse que seus pais também são surdos, mas cada um por uma doença diferente. “No meu caso, nasci ouvinte, mas aos seis meses de vida tive uma infecção no rim muito grave e os antibióticos fortes provocaram a surdez”. Isaac é formado em design gráfico e atualmente trabalha como professor de Libras, além de produzir conteúdos no YouTube, em seu canal Isflocos. Nas redes sociais, ele ressalta que o objetivo é mostrar que a acessibilidade pode ser sempre melhorada. “Já avançamos bastante, mas ainda tem muito a evoluir. A luta continua!”.
O presidente da ASSPP, Carlos Ivan Gonçalves Vilhalba, apresentou a associação e destacou que eles desenvolvem um trabalho bacana para surdos e ouvintes. “Venham participar com a gente, venham aprender Libras! A associação está de braços abertos para todos vocês”, convidou.
Para assistir ao sarau, os participantes doaram alimentos não perecíveis ou produtos de higiene. Os mantimentos serão entregues para duas famílias de surdos; para a casa de assistência aos surdos, que atualmente abriga quatro pessoas; e para os bolos das 25 crianças que integram o projeto que ocorre aos sábados na ASSPP.
Confira as atrações do 7ª Sarau em Libras, que teve início com a interpretação do Hino Nacional por Flávio Augusto:
- Músicas: Sorria, Cheguei, Mulher, Mundo de amor, Seu Lobato, Era uma vez, Velha infância, Dia especial, Um mundo ideal, Je Voule, A thousand years, Eu Quero Sempre Mais, Você não Soube me Amar e Só depois do carnaval.
- Poesia: Heart Time (Tempo de coração)
- Teatros: Surdos no restaurante e Inclusão profissional
- Slam do corpo - Empatia
Exposição artística
No hall do Teatro Cesar Cava ficaram expostos os quadros feitos por crianças atendidas no projeto realizado na ASSPP, conduzido pela professora Valéria, o qual é cadastrado na Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext) da Unoeste. A atividade ocorre todos os sábados, com pessoas surdas e ouvintes.
Somos todos iguais? Assista a um dos vídeos produzidos para o canal do YouTube Isflocos, de Gabriel Isaac:
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste