Saúde da Pessoa com Deficiência
A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência orienta ações de promoção da saúde, prevenção, melhoria dos mecanismos de informação, capacitação profissional e organização/funcionamento dos serviços de atenção à saúde. No entanto, as pessoas com deficiência não se sentem assistidas em suas necessidades quando procuram tais serviços.
Adicionalmente, os profissionais em geral não têm contemplado em seus conteúdos curriculares esse grupo de pessoas, contribuindo assim para o não reconhecimento das especificidades relacionadas aos vários tipos de deficiência e de aspectos relevantes para o cuidado integral.
Evidenciamos que as pessoas com deficiência, quando recorrem aos serviços de saúde buscando atendimento médico, muitas vezes, se deparam com barreiras presentes nas instituições. Tanto no que se refere ao aspecto atitudinal e de comunicação, quanto à acessibilidade e à falta de equipamentos e materiais apropriados ao seu atendimento.
Observamos também a necessidade de sensibilização e capacitação dos profissionais médicos para melhor atendimento e acolhimento às pessoas com deficiência, no sentido de contribuir para que elas se sintam incluídas socialmente e respeitadas na sua condição. Reitera-se a importância do papel da atenção primária no cuidado integral à saúde dessas pessoas, o que se constitui um desafio e provoca uma reflexão sobre a eficácia das práticas atuais e sobre as possibilidades de melhorias futuras.
É necessário que futuros médicos se comprometam com a temática, uma vez que as limitações físicas, visuais, auditivas, intelectuais, e principalmente as sociais, causadas pelas ocorrências acima listadas, provocam no grupo das PCD efeitos colaterais danosos, levando ao sedentarismo, tabagismo e à depressão.
Exemplo disso é o baixo índice de atendimento nos programas de combate às doenças sexualmente transmissíveis, pelo agravante de, supostamente, não ser este grupo de pessoas considerado sexualmente ativo. E isto constata-se nos estudos da OMS, que relata ainda dados dos Estados Unidos onde mulheres com deficiência realizam menos exames de detecção de câncer cérvico-uterino e de mama, e os homens com deficiência realizam menos exames para detecção de câncer de próstata.
No curso de Medicina desenvolvemos ações de Promoção à Saúde, junto à entidade Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos abordando saúde da mulher (papanicolau, câncer colo útero, auto exame das mamas) e saúde do homem (câncer de próstata, exame PCR e toque retal). Explicamos que a atenção às pessoas com deficiência deve ser uma competência e habilidade que se espera que o estudante médico adquira ao longo do curso.
Assim sendo, conhecer a dinâmica da atenção integral à saúde das PCD no âmbito das escolas de medicina torna-se imperativo e urgente, de modo que as necessidades em saúde dessas pessoas sejam asseguradas em condições de igualdade, visando a inclusão social e cidadania, conforme determina a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) em seu Art. 1º. Fato é que hoje a maior deficiência está na sociedade que não estimula o desenvolvimento pleno dessas pessoas.
Mônica Moreira e Alessandra Martins são professoras do Programa de Aproximação Progressiva à Prática (Papp) do curso de Medicina da Unoeste