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Mitos na nutrição

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Nos últimos anos, o campo da nutrição tem sido inundado por modismos alimentares e mitos que prometem soluções rápidas para emagrecimento e tratamento de doenças. No entanto, muitas dessas promessas sem embasamento científico podem causar desinformação e levar a práticas alimentares inadequadas. Listamos a seguir alguns mitos os quais muitas vezes geram tensão e terrorismo nutricional:

Leite e pão: contêm lactose e glúten, respectivamente. Embora algumas pessoas precisem evitar esses alimentos devido condições específicas, como alergia à proteína do leite, intolerância à lactose e doença celíaca, para a maioria da população eles não são inflamatórios como muita gente pensa e propaga. Pelo contrário, fornecem nutrientes importantes e não precisam ser evitados sem uma real necessidade clínica.

Água com limão: muitas pessoas acreditam que essa bebida pode acelerar o emagrecimento, porém a água com limão não tem o poder de queima gordura. Ela é refrescante e pode auxiliar na hidratação e na inclusão de vitamina C, mas não possui propriedades mágicas para emagrecimento. 

Jejum intermitente: mesmo algumas pesquisas sendo favoráveis ao jejum intermitente, seus efeitos variam de pessoa para pessoa e não são adequados para todos, especialmente para quem tem condições de saúde específicas, sendo muitas vezes prejudicial, especialmente se não estiver sendo feito de maneira correta e orientada por um profissional qualificado.

Dieta carnívora: já no âmbito de planos alimentares milagrosos, atualmente muito tem se falado sobre dieta carnívora. Há muitas promessas de emagrecimento rápido e, infelizmente, até a cura para algumas doenças, como o câncer. Esse plano alimentar consiste na ingestão exclusiva de carne e outros produtos de origem animal, como ovos e leite. 

Somando-se esta dieta, tem repercutido nas redes sociais outro plano alimentar absurdo: ingestão diária de uma barra de manteiga pura, bife gorduroso e 22 ovos por dia! Ao basearmos nossa alimentação exclusivamente em proteínas, principalmente de origem animal e gorduras saturadas, como a manteiga, além de não haver estudos favoráveis acerca do assunto, excluir o consumo de alimentos vegetais, como frutas, legumes e verduras, pode ser prejudicial à saúde humana, com evidências científicas robustas relacionadas ao desenvolvimento de câncer, doenças cardíacas, doenças metabólicas, obesidade, diabetes, deficiências nutricionais, problemas digestivos, doenças intestinais e acidente vascular cerebral. 

Dieta detox: com a promessa de eliminar toxinas do corpo, a dieta detox popularizou-se pelo mundo, amplamente divulgado e vendido como “desintoxicador do organismo”, principalmente quando extrapolamos naquele final de semana de festas. E daí nasceram as refeições detox, chás, shots e sucos detox, utilizando diversos alimentos . Apesar de conter alimentos ricos em vitaminas e minerais, e alguns possuírem potencial antioxidante e antiinflamatório, essas bebidas de maneira isolada não são capazes de exercer esse benefício. 

O ideal para uma alimentação saudável é um padrão alimentar equilibrado, rico em alimentos variados e adaptado às necessidades de cada pessoa, ao invés de uma abordagem única ou restritiva. Por isso, é fundamental buscar a orientação de um profissional nutricionista, para avaliar as necessidades específicas de cada pessoa e propor um plano alimentar adequado e seguro.

Sandra Cristina Genaro é professora doutora no curso de Nutrição da Unoeste, nutricionista oncológica pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e atua como nutricionista no Instituto do Câncer Oeste Paulista (Incop). Ela assina este artigo com as nutricionistas e residentes do Hospital Regional de Presidente Prudente, Amanda Maria Theodoro Losano, Mariana Inêz Gregório da Silva e Thais Aparecida Egea de Souza. 

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