Comércio e Inteligência artificial
Imagina ser atendido por uma inteligência artificial (IA), na qual você conversa e ela sabe tudo sobre suas preferências e gostos. Agora imagina ser empresário que contrata a IA como vendedora. Novamente, imagina você, sendo vendedor e perder o emprego e ser substituído pela IA. Difícil não?
Queremos ser usuários do melhor da tecnologia, mas perdemos terreno para ela, quando ficamos na posição de atores do outro lado do balcão. E neste momento percebemos quanto custa se preparar para o mercado atualmente.
De um lado estamos fazendo de tudo para desfrutar do conforto e conveniência da vida moderna. De outro, perdemos sistematicamente as oportunidades de trabalho, com reflexos sinistros para o futuro, para nós mesmos. Afinal, menos oportunidades de trabalho, menos renda. Menos renda, mais angústias em viver em um mundo de oportunidades perdidas, por falta de recursos para acessar bens e serviços. E menos vendas, menos oportunidades de negócios e competição ainda mais acirrada.
Tem saída? Sim! Qual? Capacitação! Como? Estudar, estudar, estudar...
Observe que há um movimento de concentração empresarial junto a grandes organizações, que por sua vez, precisam atuar globalmente. Para o cliente, não interessa onde está o produto ou serviço; ele está disposto a acessar e receber este, a um preço justo.
E aí a empresas precisam estar preparadas para este momento. Para tanto, deve contar com equipe profissional capaz de atender as necessidades dos clientes, usando todas as ferramentas e recursos, inclusive de IA, para encurtar o caminho entre o produto ou serviço e o cliente.
Para quem pretende ser algum profissional na metade do século XXI, saber ser protagonista com ou sem IA, vai muito além de ser mero usuário de smartphone. É preciso saber de habilidades e competências que incorporem a IA, explorando o potencial de aproximar cliente e produto ou serviço.
Ah, mas minha atividade não vai interagir com a IA... Falso! No século XXI, a quase totalidade de produtos e serviços estão subordinados a uma cadeia de valor que começa na matéria prima obtida na natureza, sabe lá onde, até às mãos do cliente. Cada vez está mais raro uma empresa realizar tudo desde o começo até o consumo sozinha. E em algum momento, um parceiro ou integrador estará dependente de IA.
Se de um lado estamos ruminando índices medonhos de Pisa, evasão escolar e rendimento na formação, por outro lado, precisamos observar a outra ponta. Estamos formando em quantidades mínimas a mão de obra necessária para mantermos o comércio sólido em pé? Se sim, ótimo! Se não, bem... teremos de nos conformar em começar a comprar cada vez mais de vendedores estrangeiros. Não porque é mais barato, nem porque usam a IA. Mas porque o comércio está lá! Porque as pessoas que constroem a venda estão lá! Com ou sem IA.
Wilson Roberto Lussari é doutor e coordenador de curso de Gestão Comercial EAD e professor do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Unoeste.