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A armadinha do conhecimento


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No passado recente tivemos a onda de que não precisava de diploma. Bastava aprender pela internet e se pôr a fazer, ou, virava um influencer, seja lá o que isto for. Como anteriormente, fazer algo para ficar famoso e/ou rico rápido é o caminho mais curto para o sucesso.

Algumas pessoas conseguem isso, mas, no geral, o resultado sempre é bem diverso. Ser melhor, ter algo que ninguém tem, entre outras situações, é exceção e não a regra. Para ser alguém na vida é preciso se dedicar e se preparar muito. No terreno do conhecimento ocorre a mesma coisa.

Antes de mais nada, é preciso entender que vivemos numa civilização conectada de tal forma, que jamais esteve ao longo de sua história. Nossa relação com os outros indivíduos depende de nos conectar de formas direta e indireta. Precisamos de produtos e serviços produzidos e distribuídos mundo afora. Apenas uma parte que chega às nossas mãos é produto integralmente local.

Até mesmo a verdura que compro no mercado perto de casa nem é feita totalmente aqui. Depende de fertilizantes, sementes e outros insumos para poder ser produzida aqui. Ou seja, precisamos de produtos e serviços de origem local, regional, estadual, nacional e global.

Se eu quiser me inscrever profissionalmente neste circuito de indivíduos, como profissional, preciso estudar. Se eu apenas me focar na ilusão de ter tudo à disposição ao alcance do smartphone, eu sou apenas um mero usuário. Ainda que muitos acreditem que são autodidatas, apenas alguns conseguem esta proeza. As demais pessoas precisam estudar, para não passar vexame.

Estudar numa escola nos abre a oportunidade de enxergar algo que não alcançamos na internet, que é a descoberta de nossas próprias capacidades e competências. Usar ferramentas físicas ou conceituais dependem de muita aptidão, e não apenas saber usar. É como qualquer pessoa ter uma carteira de habilitação e querer dirigir um caminhão pela estrada. Tudo tem um propósito: de quem é este caminhão, o que ele faz, como ele se comporta na estrada, que carga transporta, que riscos se corre com ele numa estrada, de onde vem, para onde vai, etc. Ou seja, propósito!

Ao cursar uma escola no ensino médio, nos descobrimos atores sociais num meio social complexo, que exige muito mais do que era um século atrás. Num curso superior, aprendemos a trabalhar com as complexidades cognitivas do ser humano em todas as formas e atividades. Muito mais do que conhecer, compreender e fazer, devemos acima de tudo produzir com sucesso nossa atividade profissional escolhida.

Ouço as pessoas dizerem que a universidade não atende a necessidade do mercado. Mas este não é o propósito dela. O propósito é formar seres pensantes, em diferentes formações, a proporcionar sucesso nas ações deles. As organizações são constituídas para oferecer soluções às necessidades das pessoas. E são os profissionais destas organizações que atuarão neste meio social complexo, que associarão as diferentes organizações para atender uma demanda específica. Bem-vindo ao mundo da educação superior.

Wilson Roberto Lussari é doutor e coordenador dos cursos de Gestão Comercial e Comércio Exterior do Núcleo de Educação a Distância da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)

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