2024: um ano para 'Esperançar'
A filosofia educacional do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, incide sobre uma educação como prática de liberdade. Em seu legado eterno, Freire concebeu uma educação como ato de conscientização, para além da mera transmissão de conhecimentos.
Por meio de uma pedagogia baseada na experiência, ensinava, questionava e provocava reflexões profundas para a ação. Ainda na perspectiva de Freire, cada pessoa carrega consigo a capacidade de ser o principal autor de sua própria história. E por meio da interação dialógica entre educador e educando, isso se manifesta.
Sua visão ressoa como um chamado urgente e transformador, especialmente quando nos referimos a um novo ano que se inicia e aos caminhos que se desenham para a educação superior. A esperança ativa transcende as fronteiras das salas de aula, inspirando urgências necessárias para o ambiente acadêmico. Assim, surge a necessidade da prática pulsante do "esperançar".
A palavra "esperançar", tão intrinsecamente ligada ao legado de Paulo Freire, sugere que possamos ir além do mero ato de ter esperança. Esperançar significa a ação de criar, de forma ativa e persistente, um futuro melhor. Nesse contexto, o "esperançar" para a educação superior ganha um papel central. Vem para convocar gestores, professores, estudantes e comunidades para uma leitura de mundo em que possamos questionar as estruturas de poder por meio de uma universidade como um espaço onde a esperança não apenas se nutre, mas se torne uma força mobilizadora das transformações sociais.
Nosso desafio começa por questionar a rigidez dos modelos tradicionais de universidade. Estimular práticas pedagógicas que promovam a autonomia intelectual, a criticidade e o engajamento cidadão. Universidade como um verdadeiro espaço de inclusão, em que as diferentes perspectivas são respeitadas e valorizadas. Um currículo mais interdisciplinar, práticas atreladas ao mundo do trabalho, valorização da diversidade de saberes.
Nosso mundo enfrenta desafios cada vez mais complexos, por isso a mensagem de "esperançar" é muito importante. Iniciar um 2024 em que as lacunas e desigualdades do sistema educacional, escancaradas com a pandemia de covid-19, sejam superadas por abordagens que vão além do convencional. Em 2024, vamos usar a favor da educação superior os avanços tecnológicos, as transformações culturais, impactando na formação de profissionais versáteis e inovadores. Para isso, precisamos colaborar juntos para identificar e promover novos modelos educacionais, incorporando tecnologia e abordagens pedagógicas disruptivas.
Convido você a "esperançar" comigo, um chamado à ação. Podemos começar o ano repensando nossos métodos educacionais, comprometendo-nos mais com a justiça social e trabalhando incansavelmente para construir um mundo em que a educação seja o alicerce da transformação e da emancipação humana. Que tenhamos um ano inteiro para esperançarmos juntos e que a chama da transformação educacional e social nunca deixe de brilhar em nossas práticas diárias.
Transformação e ação são exercícios diários, que começam pela nossa própria capacidade de vencer o desafio de uma visão determinista, para uma visão otimista sobre a nossa vida, a nossa história! Esperancemos!
Danielle Santos é coordenadora dos cursos de Pedagogia presencial e EAD e docente do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Unoeste.