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Prática baseada em Evidência

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Vivemos em um mundo circundado pela informação. Na história da humanidade nunca uma sociedade teve tanto acesso ao conhecimento como atualmente. Com o avanço tecnológico estamos conectados o tempo todo e, verdade seja dita, já não separamos mais o real do virtual. A informação está a um clique de distância, basta acessarmos qualquer buscador ou rede social. 

Neste cenário, principalmente alavancado pela pandemia, o termo “prática baseada em evidência” vem ganhando os holofotes da mídia e do meio acadêmico, uma vez que a disseminação de e tratamentos baseados em pseudociência estão no cerne das discussões. Queremos vencer a pandemia e encontrar soluções rápidas a qualquer custo, causando por vezes mais dano do que benefício aos pacientes.

Soa de certo modo prolixo ao nos referirmos à prática baseada em evidência, pois, a priori, toda prática deve ser baseada em evidência científica. Entretanto, pensando em otimizar o raciocínio médico, individualizar condutas e reduzir o dano ao paciente, David Sackett, pai da medicina baseada em evidência, em 1996, a definiu como sendo o “uso consciencioso, judicioso e explícito da melhor evidência disponível aliada à experiência clínica e aos valores e desejos do paciente

Interessante que, ao olharmos a etimologia da palavra medicina, esta deriva do Latim Mederi que significa saber o melhor caminho. Assim ao optarmos por uma prática baseada em evidência, o que queremos é encontrar o melhor caminho, aquele de maior chance de sucesso. 

Ao oferecermos aos pacientes tratamentos cujos benefícios foram comprovados por estudos de alta qualidade e, entendendo que todas as nossas decisões envolvem a probabilidade do desfecho positivo acoplada ao negativo, compreenderemos que o benefício da conduta, embora exista, é modesto diante da complexidade de um sistema biológico que não responde ao pensamento cartesiano.

Precisamos nos acostumar a lidar com a probabilidade, a treinar o pensamento científico, a evitar a supervalorização das condutas e subestimação dos riscos de modo que possamos praticar a prevenção quaternária, evitando sobrediagnósticos e sobretratamento.  O profissional deste século deverá, mais do que nunca, aprender a individualizar suas condutas e a lidar com as incertezas inerentes ao processo de tomada de decisão. 

William Osler, há mais de um século já dizia que “medicina é uma ciência de incerteza e uma arte de probabilidade”. Que saibamos compreender este pensamento e incorporá-lo em nossas práticas.

Fernanda Pataro Marsola Razera é Doutora em Saúde Coletiva e professora da Unoeste

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