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O corpo no processo de alfabetização


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Alfabetização? Para ler e escrever, as crianças precisam ficar quietas, sentadas, com postura adequada e segurando um lápis, de preferência com a mão direita, copiando da lousa e escrevendo no caderno ou então registrando o que foi dito pela professora ou professor, o famoso ditado. Você conhece alguém que concebe a alfabetização desta forma? E treinar a escrita fazendo registros principalmente em cadernos de caligrafia? Isso parece muito adequado para que se diga que uma criança está alfabetizada, não é mesmo?! 

O uso desenfreado das mãos para que a letra apareça, fique perfeita e compreensível no âmbito da leitura, se apresenta como ação única e exclusiva para a leitura e escrita, no âmbito da alfabetização. Mas será que essas ações são mesmo as principais? Será que estariam nas ‘mãos’ a responsabilidade para a efetivação da alfabetização e, por isso, seriam as únicas partes do corpo a serem trabalhadas para o sucesso? O que o corpo, como um todo, representa nesse processo? 

Primeiramente, é importante refletir que alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e na utilização deste a partir de uma ordem de compreensão – da esquerda para a direita, representado por um código de comunicação e pelo processo de apropriação do sistema de escrita, que requer estruturação de espaço e de tempo devidamente organizadas corticalmente, ou seja, no contexto de funcionamento do sistema nervoso, onde as informações e planejamentos resultam em uma reação específica. Esses elementos só têm condições de se efetivarem quando se compreende a representação do corpo nesse processo.

São nas vivências corporais que se torna possível o desenvolvimento de estruturação espacial, temporal, consciência do corpo no espaço, lateralidade e outros fatores psicomotores tão importantes que condicionam e permitem o processo de alfabetização.

Um corpo que se movimenta, viabiliza um meio pelo qual o indivíduo consegue se comunicar e transformar o mundo em que está inserido. Nesta direção, onde o corpo fala, entende-se que vivenciar conceitos de espaço como em cima, embaixo, de um lado, do outro lado, aclives, declives, possibilita que as crianças em suas ações, coloquem a letra no local correto para formar uma palavra; a palavra no local correto para formar uma frase concisa e a frase no local correto para formar o texto compreensível. Tudo isso só possível quando se tem o corpo como referência.

Está, portanto, no movimento corporal a forma primária de inteligência da criança por excelência, a construção do intelecto a partir do movimento e da atividade motora que não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual, memória, atenção, concentração, raciocínio, nem das emoções e sentimentos. Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que essas habilidades são manifestações psicomotoras fundamentais, que levarão a criança tomar consciência do seu corpo, situar-se no espaço, dominar seu tempo, adquirir e aprimorar a coordenação de seus gestos e movimentos.

Janaína Pereira é doutora em Educação, docente dos cursos de Pedagogia, Educação Física, Ciências Biológicas e da Pós-Graduação lato sensu presencial e EAD da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).

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