Debate aborda riscos psicossociais em organizações
Em formato de talkshow com especialistas, evento no campus 2 da Unoeste abordou mudanças na regulamentação que reconhecem importância da saúde mental em organizações

Em um contexto de nova regulamentação e de aumento de afastamentos médicos por transtornos mentais, a Unoeste recebeu o projeto “Saúde Mental no Contexto da NR-01: Desafios e Possibilidades no Gerenciamento de Riscos Psicossociais” na manhã do último sábado (28). Em formato de talk show, os participantes puderam debater as principais dificuldades, desafios e avanços dentro das empresas e organizações em encontro no auditório Azaleia, no campus 2, em Presidente Prudente.
O debate contou com a participação do juiz substituto do trabalho, Dr. Régis Antônio Bersanin Nieddu, a especialista em Recursos Humanos, Adilséia Soriani Batista, e a doutora e coordenadora do curso de Psicologia, Regina Gioconda de Andrade. Entre o público, alunos de vários cursos, profissionais de gestão de pessoas e pessoas interessadas pelo assunto – que ainda trouxeram alimentos não perecíveis para destinação a entidades assistenciais.
Antes do início das falas dos convidados, foi feita uma dinâmica que incentiva os participantes a pensarem em boas práticas dentro das organizações. O evento – que teve cerca de 150 inscritos - também promoveu um espaço de diálogo entre especialistas e o público.
A sugestão do formato partiu do Dr. Régis, com o intuito de levar à reflexão sobre o desenvolvimento de ações de saúde mental. “É um assunto muito importante nos dias atuais. A NR-01 deveria ser implantada até maio desse ano. Isso foi prorrogado, mas precisa ser discutido pelo aumento dos problemas de ordem mental incidindo no ambiente de trabalho”, afirma Regina.
Em alguns ambientes, os problemas podem parecer “invisíveis”, mas segundo Regina, sempre há sinais. “As empresas e os profissionais precisam ter esse olhar para que, no seu ambiente de trabalho, possam ser desenvolvidas ações que promovam apoio”, explica.
A NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1) foi atualizada para incluir a gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Essa mudança, segundo o governo federal, reconhece a importância de proteger a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores, considerando fatores como assédio, pressão excessiva e falta de reconhecimento como riscos ocupacionais.
A ação deste sábado foi realizada do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e do curso de Psicologia da Unoeste.
Avanços e desafios
Graduada em Psicologia, com pós-graduação em Administração de Recursos Humanos e Psicologia Organizacional e do Trabalho, Adilséia disse que já houve melhorias em relação entre trabalhador-empregador.
“Se eu não estou bem psicologicamente, como é que eu consigo efetivamente atuar [no trabalho]? Algum tipo de encaminhamento para psicólogo, algum trabalho de desenvolvimento de sessões que abordem temas como equilíbrio emocional, relacionamento interpessoal... Isso já têm sido buscado [pelas empresas]”, conta.
Porém, a atualização da norma reguladora reforça a necessidade de ações neste campo, já que exige um mapeamento das ações e das percepções do trabalhador, exigindo o desenvolvimento de vários projetos de forma constante.
“O desenvolvimento da liderança é fundamental nesse processo. A liderança precisa entender que o trabalhador está ali em uma relação de prestação de serviço, mas não deve ser tratada como uma pessoa sem importância. Mas também é preciso trabalhar com o liderado, quando ele pode ter uma visão ‘turva’ das condições do trabalho”, afirma Adilséia, que acumula experiência na área de Recursos Humanos há mais de 34 anos.
Quando não há um trabalho adequado em relação aos riscos psicossociais, o caso pode acabar na Justiça. “Se parar pra pensar que aquele ambiente do trabalho tem que ser saudável pra você, pra pessoa com quem você se relaciona e pra pessoa que no final vai consumir aquele seu produto, seja ele qual for, você já antecipa algumas condutas pra não fazer mal pra outra pessoa – que no fim das contas vão fazer mal para você mesmo [empresário]”, explica o juiz do trabalho, que também é autor do livro “Tecnologia nas relações de trabalho na União Europeia: privacidade e proteção de dados em Portugal, Itália, Espanha, França e Alemanha”.
Ele também diz que apesar da hierarquia, a empresa precisa dar abertura para que os colaboradores possam colaborar por meio de um espaço de comunicação.
“Às vezes a pessoa faz uma conduta, não sabe que prejudica a outra... Por outro lado, a pessoa prejudicada não comunica isso. Então a empresa precisa dar condições pra que o trabalhador se sinta à vontade de dizer, de fazer uma análise crítica até onde aquele tipo de trabalho, aquele tipo de situação venha prejudicando. A partir daí, a empresa toma sua conduta”, afirma Régis, que também é coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc).
Aprendizado
Amanda Matias, aluna do MBA de Gestão Estratégica de Pessoas, avaliou o evento como importante para entender o funcionamento de várias questões na prática. “O nosso curso tem várias disciplinas envolvendo mentorias, palestras, e isso nos possibilitou uma atividade prática e trouxe conteúdo para aplicarmos nas empresas”.
Já a Natália Miranda Borges, professora da pós em MBA de Gestão de Pessoas, destaca que a preocupação é fundamental dentro de toda empresa. “É preciso ter esse olhar e entender os riscos psicossociais de uma forma mais geral”.
O aluno do 5º termo de Psicologia, Paulo Henrique Garzon, destacou a importância da psicologia dentro da coordenação de gestão de pessoas, o aprofundamento das relações humanas e a dinâmica dos grupos que existem em qualquer instituição.
“O evento é bastante agregador para buscar um aprendizado além do que é oferecido dentro das graduações. Por isso, a gente se aprofunda em palestras e em tudo o que a Unoeste oferece”, conta.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste