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Cinco minutos de fama


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Vivemos uma era de transição, como poucas da história humana. A mais recente foi a Revolução Industrial há 250 anos. Apesar desta era ser predita por cientistas e escritores visionários, no mundo atual algumas coisas não mudam no ser humano.

Uma destas coisas é a necessidade do ser humano se projetar, deixar sua marca, ou fazer história, por algo ou algum motivo. Ao longo da história reis, religiosos, militares, bem como pessoas em situação de evidência, protagonizaram momentos históricos que se perdem no tempo.

Antes, via tradição oral, depois escritas rudimentares, livros, registros fotográficos, gravação de voz, vídeos, meios digitais, e finalmente, hoje redes sociais. Em todos os casos, a necessidade de se documentar de forma permanente um protagonismo a ser lembrado pelas gerações.

O que era algo para ser eternizado no núcleo familiar, tribal, cidade, estado, nação, continente, e finalmente, global, consistia em transferir ao maior número de indivíduos sua mensagem.

Com oito bilhões de pessoas no mundo, é cada vez mais difícil ao indivíduo eternizar seu legado, ainda que ínfimo, competindo por uma enormidade de informações, as quais só podem ser gerenciadas pela inteligência artificial.

Sendo assim, se tentarmos estabelecer que uma pessoa possa ter alguma evidência neste mundo, ela precisa de “causar” algo, que chame a atenção de todos, ou da maioria de uma sociedade. Para se ter uma ideia, se distribuíssemos o ano igualitariamente, cada pessoa teria menos de quatro milissegundos de fama por ano! Se multiplicássemos pela expectativa de vida do brasileiro (77 anos), seriam três décimos de segundos de fama para uma vida inteira.

Ou seja, muitos sequer terão uma única chance de ter notoriedade global. E os poucos, terão alguma lembrança algum tempo depois. Sobram os raros, que terão sua marca indelével no mundo. Mas apenas os extraordinários terão lugar no tempo.

Quanto à quase totalidade da humanidade sequer está se preocupando com isso. Estão apenas interessadas em trabalhar, viver sua vida dignamente e deixar um legado de um lugar melhor a seus filhos e netos, eternizando neles suas memórias. Uma lembrança de seu pai, mãe, professor, ou chefe, em sua memória pela vida toda, é melhor que uma bonita foto perdida numa rede social tentando alcançar algumas curtidas.

Wilson Roberto Lussari é doutor e coordenador dos cursos de Gestão Comercial e Comércio Exterior do Núcleo de Educação a Distância da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)

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