Brasil das oportunidades do futuro próximo
Pode parecer um tanto otimista o título, visto a situação corrente, com tantas incertezas e equívocos sociais e políticos. Mas a situação presente passa. O que se deve ter em vista é prospectar um futuro próximo e suas oportunidades. Como sempre digo, crise sempre existiu. Na crise, Estado e sociedade entram por atacado, mas saem no varejo, isto é, todos vão para a crise de uma vez, mas os mais preparados e perceptivos aproveitam as oportunidades e capacidades e saem primeiro. Coitado de quem ficar por último...
O Brasil vem avançando muito rápido, especialmente a partir da segunda metade do século XX. Chegou 250 anos atrasado na Revolução Industrial, depois 25 anos na economia de consumo. Entretanto, bastaram pouco mais de dez anos para a economia de Serviços e menos de cinco para começar a Era da Tecnologia. E daqui para frente, como fica? Muito melhor!
A civilização avança e evolui sempre. Em tempos difíceis, anda mais devagar, mas avança. Mesmo em guerras globais o conhecimento e a tecnologia avançaram como nunca. No século XXI não será diferente. Estas primeiras décadas determinaram o rumo e, apesar dos conflitos e modismos sociais, a civilização está mais robusta e com mais perspectivas.
No caso do Brasil, muito se tem falado na bolha demográfica, nas décadas perdidas, que se perdeu o timing entre envelhecimento e desenvolvimento econômico. Porém, há de se considerar pontos fundamentais que não eram observados antes. Justamente a tecnologia: IA e robótica.
Se o Brasil envelheceu mais rápido e com queda acentuada da taxa de natalidade e de crescimento da população por um lado, a necessidade de compensação desta queda pode muito bem residir no emprego de tecnologia. Uma empresa que disporá de menor ingresso de trabalhadores, terá inevitavelmente que se valer de novas tecnologias para se manter produtiva e até mesmo viva. Mesmo atividades corriqueiras poderão ser compensadas com as tecnologias presentes, para uso imediato.
Vamos tomar um exemplo simples: transporte. A legislação atual limita os caminhões, tanto em peso, como em dimensões. Se ocorre uma queda na oferta de mão de obra, a saída é buscar ajustar a legislação e permitir que se extrapole os atuais limites legais. Isto ocorreu com a regulação do treminhão. Num futuro próximo, o legislador, diante da necessidade, pode muito bem autorizar o modelo usado na Austrália, o trem do asfalto. A tecnologia já está aí.
Em todas as áreas estaremos sujeitos a esta evolução social, empregando mais e mais tecnologia e ajustando à realidade das demandas, com menos trabalhadores, os quais serão ainda mais qualificados. A presente geração inevitavelmente será mais produtiva e eficiente, pois terá todo aparato tecnológico produtivo à disposição. E aqui a chave está na educação, pois o trabalhador do futuro próximo precisa deixar de ser mero usuário, para ser protagonista, trabalhando em simbiose com a tecnologia.
Não há futuro próximo para quem não se preparar previamente. O risco é ser um dos atrasados a sair da crise nossa de cada dia.
Wilson Roberto Lussari é doutor e coordenador dos cursos de Gestão Comercial e Comércio Exterior do Núcleo de Educação a Distância da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)