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Arquitetura e/ou urbanismo qualifica vidas


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No Brasil temos 25 milhões de moradias precárias, então, praticamente 1/4 das habitações do país sobrevivem em situações indignas, isso quando tem um teto para se abrigar. Cerca de 100 milhões de pessoas não têm rede de esgoto e, segundo o IBGE, existem 11.403 favelas no país. Conforme pesquisa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (CAU/BR), dos entrevistados, 54% que já fizeram reformas ou construções, apenas 15% optaram por serviços de um arquiteto e/ou urbanista. Ainda somos vistos como apenas profissionais de luxo; é preciso, porém, mudar essa visão e aproximar as camadas sociais. 

A atuação social do arquiteto e/ou urbanista tem um grande mercado a ser explorado no Brasil: obras voltadas para as classes C, D e E, projetos coletivos, habitação social, ações em ONGs, projetos do poder público – municipais, estaduais e federais, dentre outros. Neste contexto, fica evidenciado o papel crucial das instituições de ensino em colocar no mercado de trabalho, profissionais educados urbanisticamente e arquitetonicamente, com a visão do possível empreendedorismo social da profissão, o que nos aproximaria da tão idealizada sociedade igualitária e com qualidade de vida. 

Afinal, 70% da nossa população brasileira se enquadra nas classes C, D e E, pertencentes a mesma sociedade que a Constituição Federal Brasileira (1988), em seu artigo 3º, institui a construção de uma sociedade livre, justa, solidária, com erradicação da pobreza e da marginalização, reduzindo as desigualdades sociais, sem preconceitos de origem, raça, gênero, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 

Sejamos profissionais empáticos, que realmente pratiquem o juramento de colação de grau, no qual nos coloca projetando espaços para a vida, para o bem-estar da coletividade, tendo como pressuposto as questões da ética profissional. 

Diante desta realidade, o Programa de Extensão de Urbanismo, com foco em práticas colaborativas – UrbColab, tem atuado na região de Presidente Prudente desde 2018. Coordenado por mim e pelo urbanista Victor Martins de Aguiar, ambos docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), reunimos semestralmente grupos de alunos de variados cursos da instituição e os instigamos a ver e vivenciar os espaços públicos da cidade, oferecendo novas perspectivas de interpretá-los. 

Em uma roda de bate papo com alunos envolvidos, os questionei se estas ações extensionistas tem algum diferencial na vida acadêmica. Todos, sem exceção, se posicionaram positivamente, principalmente por conseguirem correlacionar ensino, pesquisa e extensão, além de compreenderem o papel social da profissão. 

São 12 anos e meio de formação em uma profissão instigante, de alto poder de intervenção social. Seja em sala de aula, seja atuando em setores públicos, conselhos e comissões voltadas ao meio ambiente e a educação ambiental, como toda brasileira, “a esperança é a última que morre”. Sigo acreditando na educação e no potencial que as competências do arquiteto e/ou urbanista pode praticar para qualificar vidas. 

 Yeda Ruiz Maria é arquiteta urbanista, mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unoeste

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