A alimentação no controle da saúde mental
No mês de setembro realiza-se a campanha de prevenção ao suicídio, conhecida como Setembro Amarelo, tendo em vista que os problemas psicológicos, dentre eles a depressão e o transtorno de ansiedade tomaram grande destaque, sobretudo nos últimos anos no período pós-pandemia. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma a cada quatro pessoas sofre ou sofrerá de algum transtorno psicológico em um futuro próximo.
Sabe-se que convencionalmente o tratamento para esses transtornos incluem a psicoterapia e o uso de medicamentos. Além disso, há ainda quem associe ao tratamento convencional métodos inclusos nas práticas integrativas complementares (PICS), como a aromaterapia, auriculoterapia, entre outros. E apesar dos avanços científicos, ainda há dificuldades no controle dessas doenças.
Em face dos múltiplos aspectos que podem contribuir para melhoras na saúde mental, convido você a pensar em como os hábitos alimentares poderiam proporcionar benefícios para melhora do bem-estar. E até mesmo atuar no controle de fatores psicológicos como um elemento coadjuvante ao tratamento padrão.
Existem nutrientes importantes que desempenham funções precursoras para a promoção de neurotransmissores que são responsáveis por promover a sensação de bem-estar, conhecidos como dopamina e serotonina. Mas para isso, é importante que haja o planejamento alimentar adequado, com consumo de determinados alimentos que possuem nutrientes específicos.
As frutas e os vegetais possuem vitaminas, minerais, fibras e substâncias antioxidantes, desempenhando assim efeitos neuroprotetores, gerando maior controle da saciedade e manutenção de diversas funções orgânicas, além de poder proporcionar menores estímulos para inflamações sistêmicas no organismo. É recomendado pela OMS o consumo de cinco porções de frutas e verduras por dia.
Dentre os nutrientes mais destacados para promover adequada produção de neurotransmissores estão as vitaminas do complexo B, vitamina A, vitamina C, potássio, magnésio, zinco, selênio e ômega-3. Também destacam-se algumas substâncias antioxidantes da classe dos carotenoides e polifenóis. Esses nutrientes são encontrados em alimentos como carnes (frango, peixes, carne vermelha magra), leguminosas (feijão, lentilha, ervilha), vegetais de cor amarelo-alaranjados (cenoura, abóbora, mamão), frutas cítricas (laranja, limão), oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), entre outros.
Todos esses nutrientes devem ser ofertados diariamente por meio da alimentação, e deve-se considerar que o planejamento alimentar precisa ser individualizado, tendo em vista que cada indivíduo possui necessidades nutricionais específicas, que podem ser influenciadas pela idade ou ciclo da vida em que se encontram, doenças preexistentes, medicamentos utilizados e hábitos de vida.
Deve-se evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e fast foods, como embutidos, refeições prontas para o consumo e lanches rápidos com alto teor de gordura, sódio, açúcares e conservantes.
Sendo assim, é importante destacar a importância de promover uma alimentação consciente, com padrão alimentar que possua diversidade de alimentos in natura e menos processados. Em caso de dúvidas procure um profissional da nutrição, pois os ajustes na alimentação são essenciais para a manutenção da saúde.
Marcela de Andrade Bernal Fagiani é nutricionista, doutora em Fisiopatologia e Saúde Animal e professora da Unoeste.