A urgência de uma Cultura de Paz
O cenário recente do contexto brasileiro de ataques e ameaças à segurança e ao bem-estar no interior das escolas, nos sensibiliza, nos preocupa e nos convida há mobilizarmos esforços para que seja assegurado o desenvolvimento de nossas crianças e jovens. Um convite que nos é posto, diz respeito a difundirmos a cultura de Paz, convertida em ações concretas por meio de programas que favoreçam a construção de uma sociedade pacífica, inclusiva e sustentável. Sim, todos esses são elementos de uma educação para Paz.
Liderando essa discussão, temos os apontamentos da UNESCO, enquanto organismo integrado às Nações Unidas que tem como um dos seus pilares prioritários a educação. Para a Cátedra UNESCO em Educação para a Paz Global Sustentável (E=GPS), devemos nos guiar rumo a promoção do acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas. O objetivo da cátedra que pode servir de inspiração para os educadores e todos nós, é efetivar a incorporação de programas que assegurem os direitos humanos e o bem-estar em ambientes sociais e de aprendizagem.
Assim, os propósitos centrais do projeto E=GPS são prevenir conflitos e todas as formas de violência; promover as virtudes humanas de forma que possam ser dedicadas ao bem comum; conscientizar a coletividade de formas de cooperação humana e, com isso, permitir que possamos continuar a vislumbrar o bem-estar e a felicidade pública.
Promover a cultura de Paz é usar a educação e a pesquisa como meios para proteger e respeitar cada ser humano de maneira digna e harmoniosa inclinando todas as ações educativas para que cada criança, cada jovem na sua singularidade bem como, as comunidades a que pertencem, possam florescer de maneira justa, ética e sustentável.
Destaque cabe ser feito, no âmbito da ciência e da pesquisa, para as recentes descobertas na área da Psicologia Positiva aplicada à Educação que apontam para a educação emocional e o desenvolvimento da resiliência nas escolas como escudo para prevenir conflitos, antes que estes evoluam para violência. Oportunizar atividades que preparem nosso estudantes para gerir as emoções desde a Educação Infantil até o fim da universidade se torna essencial na aprendizagem de formas de interagir e estar com o outro que sejam intensa e eficazmente favoráveis a Paz.
A gestão das emoções não diz respeito a um atributo pessoal inato, mas sim a um repertório de comportamentos aprendidos se espaços educativos forem oportunizados. Da mesma forma, a Paz é um pequeno grão que precisa ser germinado na essência de cada pessoa. Esse grão cresce em terras que são regadas, cuidadas e alimentadas. Deseja-se que as escolas sejam esses espaços protetivos que recebam a devida atenção das políticas públicas para efetivar sua missão ímpar. Dessa forma, os frutos da semente germinada da Paz irão se instalar em outros corações fertilizando novas terras.
Camélia Santina Murgo é psicóloga, professora doutora da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), nos cursos de Psicologia e Medicina, além de coordenadora do mestrado e doutorado em Educação