Riscos da automedicação em idosos
A expectativa de vida da população brasileira e mundial vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas. Isto ocorre em decorrência do processo de transição demográfica, ou seja, percebemos uma redução do número de nascimentos, além de menor taxa de mortalidade devido a evolução tecnológica da medicina e maior acesso aos serviços de saúde.
Com uma população envelhecendo mais, nos deparamos com o aparecimento das condições crônicas de saúde, como por exemplo a hipertensão arterial, o diabetes e o colesterol elevado. Nesse sentido, além de manter uma vida mais saudável, com boa alimentação, prática de atividades físicas e controle de estresse, se faz necessário realizar um acompanhamento com profissionais de saúde que auxiliarão a pessoa idosa a manter sua saúde “em dia”, respeitando as dificuldades e potencialidades de cada indivíduo.
Nessa fase da vida, acaba tornando-se comum o uso de alguns medicamentos para tratar os problemas de saúde apresentados. É muito importante que todos os medicamentos, suplementos e outros produtos utilizados com finalidade terapêutica, sejam prescritos por profissionais de saúde habilitados, após uma avaliação clínica, a fim de evitar a ocorrência dos chamados Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM).
Os PRM podem ocorrer com medicamentos prescritos, mas costumam ser piores e aparecerem em maior quantidade quando ocorre a automedicação. A automedicação é o ato de utilizar medicamentos sem prescrição, sem orientação profissional ou também quando o medicamento é utilizado de forma diferente da que foi prescrita. Uma pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade Industrial (ICTQ), revelou que a automedicação é um hábito comum a 89% dos brasileiros, sendo que os analgésicos lideraram a lista de medicamentos mais utilizados por conta própria.
Todos os medicamentos podem desencadear efeitos adversos nos seres humanos, e nos pacientes idosos devido ao declínio fisiológico e funcional que ocorre naturalmente com o passar do tempo, esses efeitos podem ser ainda maiores. Isso explica a necessidade de evitar ao máximo a automedicação nessa fase da vida, visto que o resultado negativo da automedicação na pessoa idosa pode ser extremamente prejudicial.
Com todas essas informações, entende-se que o direito ao acesso aos serviços de saúde pelos idosos deve ser garantido, e que a identificação das necessidades de saúde de cada indivíduo deve ser muito bem conduzida, focando no uso de medicamentos apenas com prescrição, evitando o uso de medicamentos desnecessários e, consequentemente, a automedicação.
A informação é a melhor aliada para o bom andamento do tratamento medicamentoso, afinal, os medicamentos possuem particularidades quanto a sua forma de uso. Além de evitar a automedicação, os idosos devem sempre buscar orientação profissional quanto a melhor forma de uso dos seus medicamentos. O farmacêutico é o profissional de saúde habilitado a realizar orientações e auxiliar na gestão da terapia medicamentosa. Dúvidas sobre medicamentos? Procure sempre seu médico e seu farmacêutico.
Cristoffer da Silva Santana é professor de cursos de graduação e coordenador do curso Técnico em Farmácia da Unoeste.