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Aprendizagem nesse 1/4 de século


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Ao longo dos séculos as descobertas sobre a aprendizagem têm, em linhas gerais, nos levado a compreender que esta (aprendizagem) se configura como o domínio de uma série de componentes que, por meio de técnicas combinadas, mobiliza o ser humano para alcançar determinados propósitos. Aprender é, segundo o dicionário da Língua Portuguesa, adquirir conhecimento (s) a partir do estudo, apropriar-se, conhecer. 

À medida que somos projetados e motivados para aprender, individualmente e coletivamente, há maior eficácia nesse processo.  A educação do final do século XX e início deste século tem se pautado majoritariamente em uma concepção de aprendizagem em que os aprendizes tenham a oportunidade de operar aplicando os conhecimentos em uma perspectiva ativa e autônoma. 

Ao experienciar e produzir chamados 'conhecimentos ativos', o aprendiz desenvolve melhor as suas competências e habilidades para viver em sociedade. Além disso, o componente tecnologia digital também tem influenciado as mais recentes concepções e culturas de aprendizagem. 

Depois de 2020, em decorrência da pandemia de Covid-19 - um marco histórico significativo de mudança de comportamento e cultura nas dinâmicas sociais do mundo inteiro - a ênfase na aprendizagem colaborativa, enculturação e resolução de problemas, tornou-se mais do que uma realidade, um imperativo. 

Nesse quase um quarto de século (sim, estamos próximos do ano 2025!), tenho me interessado pelos estudos sobre desenvolvimento humano e aprendizagem da pesquisadora Laura Schulz e colaboradores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts/Estados Unidos. Tenho acompanhando há alguns anos as descobertas que esses brilhantes pesquisadores têm feito sobre uma capacidade humana importantíssima: a persistência. 

A partir de atividades experimentais aplicadas com bebês e crianças pequenas, os pesquisadores do MIT já constataram que quando os adultos influenciam causalmente a persistência das crianças, as mesmas podem generalizar o valor da persistência para desempenhar suas novas tarefas. Em outras palavras, as observações do esforço dos adultos pode aumentar a capacidade de persistência nas crianças. 

Com isso, voltamos à questão da cultura da aprendizagem 'pelo exemplo'. As crianças que têm oportunidades de ver os adultos persistindo muito para alcançar os seus objetivos possivelmente tornam-se mais persistentes. Entendo que precisamos auxiliar mais as nossas crianças e jovens na difícil tarefa de enfrentar o mundo, sendo resistentes, persistentes e resilientes. 

O mundo atual traz com ele o desafio das incertezas sobre o trabalho, sobre a vida como um todo. Aqueles que forem mais persistentes, colaborativos e empáticos, podem ter melhores possibilidades de resistir ao mundo em constante mudança. Aliás, não daria para deixar de lado Paulo Freire e a sua célebre frase: "o mundo não é, o mundo está sendo". 

Em um mundo que está sendo, valorizar o ambiente escolar como um espaço rico para as oportunidades de aprendizagem já é uma questão importante. 

Em síntese, o que podemos aprender sobre a aprendizagem nesse nosso século é que: a resolução de problemas coletivamente gera as melhores e mais criativas soluções; o exemplo da persistência leva o aprendiz a persistir; aprender colaborativamente faz com que o ser humano desempenhe múltiplos papéis e; as habilidades geradas no trabalho colaborativo são determinantes para as condições de trabalho e desenvolvimento humano e social. Que a nossa cultura aprenda a valorizar a escola, a inteligência humana e a nossa capacidade genuína de colaboração!

Danielle Santos é coordenadora dos cursos de Pedagogia presencial e EAD e docente do Programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado) da Unoeste.

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