Câncer colorretal e alimentação
Observa-se nos dias de hoje, um alto número de doenças causadas por modificações de hábitos da sociedade ocidental. Entre essas doenças, está o câncer, enfermidade na qual há o crescimento descontrolado de células, que acometem órgãos e tecidos, podendo se alastrar para outras regiões do corpo.
Recentemente acompanhamos nos noticiários o caso de vários famosos apresentando câncer de intestino ou câncer colorretal. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em cada ano do triênio 2023-2025 serão diagnosticados cerca de 46 mil casos novos de câncer colorretal, correspondendo a cerca de 10% do total de tumores diagnosticados no Brasil (excluindo-se o câncer de pele não melanoma). Aprobabilidade de óbito prematuro também aumentou em torno de 10% entre pessoas de 30 a 69 anos até 2030. Porém, esse tipo de câncer é tratável e, na maioria dos casos, curável quando ocorre detecção precoce e não se espalhou para outros órgãos.
E o que torna esse tipo de câncer tão incidente? As causas são multifatoriais incluindo a história pessoal ou familiar de pólipos, doenças inflamatórias intestinais ou câncer de intestino. Porém, causas relacionadas ao estilo de vida são cada vez mais evidentes como o fumo, a obesidade e o consumo de alimentos contendo substâncias carcinogênicas, os quais tornam-se fatores de risco principais.
O elevado consumo de gorduras, carnes vermelhas como carne de vaca, porco e cordeiro acima de 500 g por semana; carnes processadas como bacon, presunto, mortadela, salame, peito de peru defumado, salsicha e linguiça; ingestão de bebida alcoólica e a presença de obesidade estão intimamente relacionados ao aumento desse tipo de câncer.
Em contrapartida, as frutas, verduras, fibras e práticas regulares de atividade física estão relacionadas a um risco diminuído de câncer colorretal. A dieta rica em fibras ajuda na modulação da microbiota intestinal, pois indivíduos afetados com doenças intestinais podem apresentar desequilíbrio na microbiota, tanto em relação ao aumento total de microrganismos quanto na diminuição de sua diversidade.
Esse desequilíbrio causa danos ao intestino, que são responsáveis pelo aparecimento de sintomas como diarreia, constipação, dores abdominais, edema, flatulência. Assim, as fibras alimentares possuem a capacidade de favorecer o trânsito intestinal, aumentar a saciedade, diminuir a fermentação bacteriana, aumentar a imunidade da mucosa, aprimorar a função da barreira intestinal, preservar a microbiota intestinal adequada, além de possuir propriedades anti-inflamatórias. Dessa forma, ajudam a prevenir doenças intestinais, melhoram sintomas gastrointestinais, facilitam evacuações e mantêm a integridade do intestino.
Como então prevenir o câncer de intestino? Praticar atividade física regularmente, evitar o consumo de carnes processadas, limitar o consumo de carne vermelha a no máximo 500 gramas de carne cozida por semana, aumentar o consumo de frutas, verduras, legumes e grãos, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
Sandra Cristina Genaro é nutricionista oncológica pelo INCA, Profa. Dra. do curso de Nutrição da Unoeste, tutora dos programas de residência na Saúde do Idoso, Terapia Intensiva e Urgências e Emergências, além de coordenadora do programa de especialização Nutrição Clínica e Terapia Nutricional da Unoeste.