Superbactéria requer cuidados rígidos de higiene hospitalar
Estudo confirma sua condição de ser super-resistente a antibióticos; pacientes podem ir a óbito mesmo na UTI
O médico especialista em cirurgia geral Heitor Munhoz Pereira acaba de tornar público os resultados de pesquisa científica desenvolvida nos últimos dois anos sobre bactéria super-resistente a diferentes antibióticos, causadora de pneumonia e seus impactos em ambiente hospitalar. Um estudo que corrobora com outras pesquisas e cuja importância está em contribuir para melhorar o tratamento do paciente, podendo evitar a morte ao provocar a evolução do quadro clínico, o que representa redução de custos para ele ou ao sistema público de saúde.
O trabalho levado à defesa pública nessa terça-feira (11), aprovado e elogiado pela banca examinadora, foi orientado pela Dra. Lizziane Kretli Winkelstroter Eller, que disse ser relevante conhecer o perfil epidemiológico da bactéria estudada, a Klebsiella pneumoniae, para detectar o seu envolvimento como causadora de infecção relacionado ao ambiente hospitalar. Pereira trabalhou a caracterização molecular de fatores de virulência e genes de resistência a 15 antibióticos.
As análises laboratoriais foram de 56 amostras da bactéria, coletas de pacientes de um hospital público no interior paulista em 2018 e 2019, dos quais 20 receberam alta e os outros 36 morreram. Dos que foram a óbito, a maioria tinha entre 60 e 80 anos de idade, sendo que 67% deles foram tratados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dentre os genes avaliados, o mais virulento deles provocou a morte de 100% dos pacientes e teve gene que se mostrou resistente a todos os 15 antibióticos aplicados.
Conforme Lizziane, ter o conhecimento dessa realidade representa o uso de antibióticos adequados e medidas mais eficazes de cuidados com a higiene do ambiente hospitalar, evitando a disseminação e propagação de bactérias resistentes, incluindo orientações ao paciente para não negligenciar quando receber alta e voltar para casa. O estudo revelou que teve paciente cujo quadro clínico evoluiu, teve alta, foi para casa, mas acabou morrendo. Há ainda o fator agravante que é o do paciente ter outras doenças além da pneumonia, tais como diabetes e insuficiência real.
Egresso da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp) há cinco anos, o autor do estudo comentou que sua pesquisa nasceu da preocupação com surto ocorrido em 2011 na cidade onde fica o hospital de onde extraiu a bactéria dos 56 pacientes. A situação foi tão grave que a UTI precisou passar por desinfecção depois de seguidos atendimentos, ficando fechada por quase três meses. Algo que evidência a importância do estudo realizado e a sua contribuição para cuidados mais específicos no ambiente hospitalar e medidas rigorosas à prevenção e controle da doença.
O estudo foi desenvolvido junto ao Mestrado em Ciências da Saúde da Unoeste, que tem atendido grandes questões da saúde pública regional. Foi avaliado pelas doutoras Valéria Cataneli Pereira e Gilselena Kerbauy Lopes, convidada junto à Universidade Estadual de Londrina (UEL), que por videoconferência abriu sua fala referindo à sua admiração pela Unoeste e enaltecendo a orientação de Lizziane e o estudo feito pelo médico Heitor Munhoz Pereira, aprovado para receber o título de Mestre em Ciências da Saúde.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste