Quinta-Feira, 18 de Abril de 2019

Caps Álcool e Drogas propõe acompanhamento humanizado

Centro de Atenção Psicossocial (ad) quer evitar a discriminação do paciente em sua família, na sociedade e em outros equipamentos de saúde; abordagem ocorreu na 32ª Jornada de Psicologia da Unoeste

  • Foto: Gabriela Oliveira Caps Álcool e Drogas propõe acompanhamento humanizado Camila é gestora do Caps ad III de Campinas (SP) e apresentou palestra no encerramento do evento

“O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps ad) propõe uma alternativa de tratamento com o paciente inserido na comunidade, ofertando um acompanhamento que seja mais humanizado e que possa de alguma forma dar um suporte para a família do usuário. Esse equipamento de saúde também busca evitar a descriminação e a marginalização da população atendida”. Esta afirmação é da psicóloga Camila Cristina de Oliveira Rodrigues, gestora do Caps ad III da cidade de Campinas (SP).
 
Com experiência na rede mental de saúde há 13 anos, a profissional fez mestrado na área da saúde coletiva e atualmente cursa doutorado em psicologia e sociedade. Nessa quarta-feira (17) ministrou palestra sobre “A prática da redução de danos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps ad)”. Realizada no salão do Limoeiro, a atividade marcou o encerramento da 32ª Jornada de Psicologia da Unoeste.
 
Para ela, o Caps ad vai além de propor um cuidado, pois tenta mudar a visão da sociedade sobre essas pessoas. Pontua que, ainda hoje, o uso de álcool e drogas é uma questão vista de forma muito preconceituosa, pois a maioria da população não visualiza o vício como doença. “Precisamos desenvolver um trabalho não só com o usuário que possui um sofrimento, mas devemos conscientizar a família que, muitas vezes, o abandona. Temos que levar essa reflexão também para a sociedade e para outros equipamentos de saúde”.
 
Camila lembra que, desde o processo de implementação de alguns serviços até a regulamentação do Caps passaram-se quase 30 anos. “Até então o que se tinha eram os hospitais psiquiátricos, onde as pessoas ficavam internadas por um tempo indeterminado e nunca mais saiam do processo de hospitalização. Essas unidades geralmente eram fora das cidades e havia todo um estigma em torno dos pacientes”, comenta.
 
De acordo com a psicóloga, hoje é possível visualizar um projeto de cuidado desse público, seja por meio dos serviços idealizados, ou por conta dos projetos de novas unidades. “Avançamos muito nesse sentido, mas o que eu percebo é que para nós, enquanto psicólogos, ainda precisamos amadurecer na elaboração de uma clínica para a condução desses casos. Isso ainda é muito incipiente do ponto de vista psicanalítico e da psicologia social. Temos pouco material escrito”, argumenta.
 
Sobre a estadia na Unoeste, Camila diz estar muito contente de compartilhar um pouco da sua experiência e também de aprender por meio do contato com os alunos. “Espero contagiá-los para que trabalhem nesses equipamentos, muita gente acaba nem tentando investir nessa área, tem tanto estigma em torno disso. É muito legal ter oportunidade de fazer o que alguém já fez por mim e que fez toda a diferença na minha vida profissional”, conclui.
 
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32ª Jornada de Psicologia
De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia da Unoeste, Dra. Regina Gioconda de Andrade, o evento contou com três dias muito intensos e produtivos. “Foram três palestras e oito minicursos que contribuíram bastante com a formação dos acadêmicos, pois trouxeram temas complementares do que é visto em sala”, diz.
 
Ela expõe que as atividades foram conduzidas por alunos, egressos, ex-professores e até profissionais que participaram pela primeira vez. “Essa mescla foi muito positiva e, ao mesmo tempo, a participação dos acadêmicos foi brilhante”. Regina acrescenta que outro aspecto bacana foi a apresentação de 23 trabalhos de conclusão dos estágios de promoção de saúde, trabalho e educação, além de duas monografias da pós em Psicanálise da universidade.
 
Para Ana Beatriz Manganaro do 9º termo da graduação, a jornada foi bem produtiva. “O que mais me chamou a atenção foi a palestra do segundo dia que falou sobre carreira. Para nós, que estamos prestes a nos formar, é muito bom visualizar os caminhos que podemos seguir. Participei também de dois minicursos sobre psicologia escolar, que é área em que faço estágio e me agregou muito conhecimento”.
 
Jean Souza Rodrigues é colega de turma da universitária e também aproveitou para participar da sua última jornada como acadêmico. “Foram dias bem intensos e que nos deram a oportunidade de ver coisas que vão além das matérias”. Integrante da Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde, ele descreve que teve a oportunidade de conduzir o minicurso que trouxe uma discussão do filme Wall-E. “Essa atividade foi em parceria com a Liga Acadêmica de Psicologia, Empreendedorismo e Liderança. Fiquei bastante ansioso, pois foi a primeira vez que estive a frente de uma atividade desse tipo, mas no fim deu tudo certo”.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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