História de vida destaca a importância do fisioterapeuta
Há 31 anos na cadeira de rodas, Humberto Alexandre abriu a Jornada de Fisioterapia com relato inspirador aos alunos; evento se encerra nesta sexta (21)
“Em 1987, quando eu tinha 32 anos, sofri um acidente automobilístico. Na época, o uso do cinto de segurança não era obrigatório e, por isso, fui arremessado para fora do veículo pelo para-brisa e atropelado pelo meu carro. Não lembro quem me socorreu, só sei que foi de forma errada, o que agravou ainda mais o meu quadro: lesão torácica na 5ª vértebra. Fiquei 90 dias em coma. Depois que acordei, soube que estava paraplégico. Se naquele tempo, houvesse serviço de resgate nas estradas, eu teria ficado seis meses engessado e voltaria a andar. Apesar disso, sou grato aquele desconhecido que me ajudou e salvou a minha vida”. O relato é de Humberto Alexandre, 63, coach incentive grupal e palestrante da abertura da 26ª Jornada de Fisioterapia da Unoeste.
Graduado em administração de empresas e pós-graduado em gestão de pessoas, o profissional é instrutor na empresa aérea Latam. Durante a sua estadia na universidade, nesta quarta-feira (19), ele apresentou a palestra “Você, o profissional e o paciente”. De maneira leve e descontraída falou sobre a importância do fisioterapeuta na sua vida. “Foi duro saber que ficaria em uma cadeira de rodas. Trabalhava como gerente de um banco americano e, após o acidente, recebi uma indenização e, com ela, a demissão. Foi difícil perder o emprego e sentir a falta do meu corpo. Tive que recomeçar! A cada dia, percebia que, tanto os profissionais, quanto as pessoas, não sabiam lidar com o deficiente”, diz.
Depois de entender e assimilar o que lhe aconteceu, Alexandre percebeu que poderia ter uma vida normal. “O médico me deu seis meses de vida e, hoje, estou aqui, há 31 anos na cadeira de rodas. Foi a fisioterapia que me deu independência e devolveu a minha condição de viver”. Ele lembrou aos acadêmicos que para estar à frente do mercado e cuidar de pessoas é preciso se manter atualizado. “Se está em dúvida em três áreas, teste todas! É para isso que serve o estágio. A fisioterapia tem um campo enorme para se descobrir e é ela que traz vida para as pessoas que possuem limitações físicas”.
Autor do livro “Desafio de Viver”, destacou a importância de se dedicar aos estudos. “O que tem de profissional meia boca, vocês não têm ideia. Se esforcem para saírem tão bons da universidade, que as pessoas vão lhes procurar e não terão que buscar nenhum paciente”. Falou ainda que o fisioterapeuta não pode ter dó do paciente. “Basta um segundo para ganhar a deficiência, mas a recuperação, pelo contrário, é muito mais lenta. Eu sofria nas sessões de reabilitação que não era brincadeira, mas foi a persistência desse profissional que proporcionou a autonomia que tenho hoje”.
Alexandre acrescentou que, às vezes, as pessoas se deparam com o dilema: persistir ou desistir. “Nunca desista! Resista! Vá a luta, não desanime e, se isso acontecer chame um amigo. A fisioterapia não exclui! Ela dá condições para que o deficiente faça o que ele quiser. É você, futuro fisioterapeuta, que vai conseguir melhorar a condição de vida de pessoas que, assim como eu, possuem sonhos. Tenho certeza que haverá alguém te esperando, depositando as suas esperanças em você”.
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26ª Jornada de Fisioterapia – De acordo com o coordenador da graduação, Carlos Eduardo Assumpção de Freitas, o evento que se encerra nesta sexta-feira (21), superou as expectativas da edição anterior. Ele conta que a comissão organizadora da jornada tem o envolvimento de docentes e acadêmicos. “As temáticas foram sugeridas pelos próprios alunos da graduação. Dessa forma, elaboramos uma programação diversificada com palestras e minicursos que abordam as várias áreas da fisioterapia” pontua.
Caroline de Lima Paulo, 21, cursa o 4º termo integral e aprovou as atividades da jornada. Ela comenta que também participou desse evento realizado no ano passado. “Acho importante vivenciar essas ações, pois elas proporcionam um aprendizado diferenciado e agrega muitos conhecimentos que podem ser úteis a minha futura atuação”.
Bom filho a casa torna – Quem também se apresentou na jornada foi a egressa, Gisele Cristina Zamberlan, fisioterapeuta sênior da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do departamento materno-infantil do Hospital Israelita Albert Einstein. “Escolhi essa área por se tratar de uma profissão que envolve a reabilitação e me possibilita promover a qualidade de vida. Sou muito grata aos ensinamentos que obtive na universidade e ao estímulo que recebi dos professores que me motivaram a aprimorar os meus estudos”.
Ela relata que concluiu a graduação em 2003 e, no ano seguinte, iniciou a especialização em fisioterapia cardiorrespiratória adulta e pediátrica no Hospital Nossa Senhora de Lourdes em São Paulo (SP). “Nesse local tive minha primeira oportunidade no mercado de trabalho. Depois, conheci a realidade do sistema público de saúde atuando como fisioterapeuta na emergência do Hospital Geral de Pedreira (SP); atuei ainda no Hospital Infantil Sabará e, em 2006, fui convidada para trabalhar no Albert Einstein”. Sobre a participação na jornada, apresenta o minicurso e palestra sobre a mobilização precoce em UTI pediátrica e estimulação suplementar em UTI neonatal. “A intenção é abordar assuntos atuais e relevantes na minha área de atuação. Trabalho em terapia intensiva e, apesar de todas as dificuldades, é muito gratificante acompanhar a evolução e a resposta dos pacientes durante o tratamento”, conclui.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste