Encontros abordam extensão e desafios da universidade

A curricularização da extensão é um assunto que vem sendo tratado por todas as instituições de ensino superior do Brasil, devido à obrigatoriedade de inclusão das atividades de extensão no currículo universitário já a partir do próximo ano. Temática da conferência de abertura do 19º Encontro Nacional de Extensão (Enaext) na tarde desta terça-feira (19), evento que integra o 26º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) realizado pela Unoeste.

A expertise da Dra. Maria Cândida Soares Del-Masso, vinculada ao campus da Unesp em Marília e cuja trajetória está atrelada à extensão desde a graduação, proporcionou aos participantes ampla visão histórica, acadêmica e social da extensão, mediante o retrospecto de sua concepção; a sua importância nos processos de ensino e de aprendizagem da graduação à pós-graduação; e a legislação pertinente, incluindo a resolução de implantação da curricularização.

A iniciativa do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Superior (CES), que são órgãos vinculados ao Ministério da Educação, é de 18 de dezembro de 2018 e estabelece o mínimo de 10% da carga horária dos cursos de graduação para a extensão universitária. Porém, há uma série de implicações que começa pela necessidade de real entendimento da acepção do termo e da palavra que, conforme a conferencista, não é apenas uma questão de estender ações.

Ótimas consequências

A questão está em estender conhecimentos produzidos nas universidades para além dos seus muros, proporcionando à sociedade os benefícios da articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão que são indissociáveis, de acordo com a Constituição Federal. A Dra. Maria Cândida disse que o fazer extensão muda a comunidade local, favorece a solução de problemas sociais emergentes e tem impacto na vida do egresso do ensino superior, na condição de profissional cidadão, que foi construído mediante a inclusão social. 

Para a palestrante, existem vários pontos a serem trabalhados ainda, como o de definir metodologias próprias para pensar as ações extensionistas e até a necessidade de criação de uma Agência Nacional de Extensão; o que vê como algo impensável para o momento, por causa dos cortes orçamentários em decorrência dos problemas financeiros da situação pandêmica mundial.  Outra questão complicada é sobre a quantificação e qualificação das atividades de extensão.

Questões subjetivas 

Problemática formulada ao final da conferência pelo pró-reitor Acadêmico, Dr. José Eduardo Creste, e pela coordenadora de ações extensivas gerais da Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext), professora Cidinha Martines. O questionamento foi apresentado pelo mediador pró-reitor da Pesquisa, Pós-graduação e Extensão, Dr. Adilson Eduardo Guelfi, sobre o qual a conferencista citou sua vivência junto ao Instituto de Tecnologia Social, onde foi desenvolvido um software para diagnóstico, monitoramento e avaliação mediante quatro aspectos e vários marcadores que servem à análise estatística. Uma fórmula difícil por envolver questões subjetivas.

Foram apresentadas várias perguntas e no evento 100% on-line, no chat da transmissão ao vivo pela canal da Unoeste no YouTube, as manifestações dos participantes também incluíram elogios e agradecimentos, incluindo o feito oralmente pelo Dr. Adilson que disse esperar a Dra. Maria Cândida presencialmente na Unoeste, seja em Presidente Prudente, no campus de Jaú ou no de Guarujá. Em uma de suas manifestações no chat, o Dr. Creste disse, fazendo referência ao conteúdo da palestra e trabalho para implantação da curricularização, que a Unoeste está no caminho certo.

Enaens - Encontro Anual de Ensino Superior

Na manhã desta terça-feira (19), a professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudia Maria Costin foi a conferencista na abertura do 18º Encontro Anual de Ensino Superior (Enaens), que contou com a participação dos pró-reitores. Na conferência “Os desafios da Educação Superior na pandemia: perdas e construção do futuro", Cláudia abordou os desafios que as universidades estão enfrentando no cenário atual. “Não só por causa da pandemia, mas também por conta da chamada revolução 4.0, ou seja, com o advento da inteligência artificial e a automação acelerada que extingue postos de trabalhos sem precedentes nas escolas”.

Em sua apresentação, a professora destacou dados nacionais sobre a crise de aprendizagem, exclusão, desigualdades educacionais e o futuro do trabalho. E ressaltou que um dos desafios para os próximos anos é propiciar uma universidade do futuro. “Instituições com maiores vínculos com o desenvolvimento do país, que promova abordagens sistêmicas e que receba de volta alunos para cursos de curta duração. Além de professores que criem espaços de experimentação com novas tecnologias e integre áreas do conhecimento”.

Cláudia finalizou sua participação no Enepe respondendo perguntas dos participantes, entre elas destacando as mudanças no papel do professor na formação universitária.  “Temos que reconhecer que tivemos perdas. Com escolas e universidades fechadas as perdas são para a educação básica e para quem recebe os alunos que vêm dela. Mas é importante lembrar que as crises são oportunidades para se repensar. Primeiramente, é preciso que o professor tematize o momento que vivemos com os conteúdos da academia, e depois reflita que ele não é um mero fornecedor de aulas expositivas, seu papel deve ser um assegurador de aprendizagens”, conclui a palestrante que manifestou alegria em estar mais uma vez em um evento realizado pela Unoeste. 

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